6 de jun. de 2012

Campanha do MP-SP contra a aprovação da PEC 37/2011



e entenda como a PEC 37 prejudicará as investigações feitas pelo Ministério Público e sociedade.

14 de abr. de 2012

As bibliotecas deixarão de existir?

Esta é uma pergunta frequente nos dias atuais. Porém, no Brasil, se a maioria das bibliotecas (principalmente as públicas) não se transformarem em serviços de informação eficientes, possivelmente as Bibliotecas não terão mais a razão essencial de sua existência: o usuário (ou público, como queiram denominar).

Ser um serviço de informação eficiente demanda modernizar toda sua estrutura e serviços: pessoal, novos recursos de informação (não somente livros, mas audiolivros, vídeos, equipamentos com acesso à Web, etc), novo layout, ambiente e mobiliários confortáveis, ampliação de horários de atendimento que atenda efetivamente aos usuários.

Enfim, deixar a aura negativa de biblioteca (ou depósito de livros) com materiais velhos, com atendentes e bibliotecários hostis para se aproximar em um ambiente agradável e estimulante, próximo do que as livrarias se tornaram de alguns anos para cá (aliás, os livreiros "sacaram" logo este nicho para ganhar dinheiro, as bibliotecas precisam ganhar público, com a mesma linhagem de serviços, porém, gratuitamente). A questão ñ é abrir mais bibliotecas e, sim, transformar as já existentes de forma sólida e eficaz.

Mas a quem interessa esta transformação? A todos, exceto aos livreiros! A população por contar com serviços de informação que efetivamente trabalhem por ela; as editoras, por abrir mais un nicho de mercado; aos governos, para atingir seus objetivos/metas de educação, cultura, cidadania e lazer; ao Estado, por cumprir os princípios constitucionais pensamos e instituídos à população; menos, aos livreiros!!!

Copa do mundo, olimpíadas, crescimento econômico constante que supera o ambiente de crise mundial, tudo isto precisa de um suporte de informação a todos que desejam usufruir destas circunstâncias. Entram os serviços de informação.

Segue link do CRB-8 (Conselho Regional de Biblioteconomia, 8. região, SP) com matéria do Estadão, de 28/03/12, que explanam sobre as mesmas conclusões - leia: http://www.crb8.org.br/UserFiles/File/Biblioteca%20A14.pdf

8 de dez. de 2011

Excesso de livros ou escassez de leitores?

São necessárias várias bibliotecas públicas bem equipadas, coordenadas por profissionais aptos e dispostos a contribuir com uma população sedenta de informação. Porém, os governos vêm com "pontos de leitura", "salas de leitura", ou, simplesmente, dépositos de livros com uma placa na entrada "Biblioteca pública" sem estrutura, sem profissionais da área, sem propostas consistentes, sem planejamento...
Podemos fazer um paralelo com a Educação. Constróem-se escolas, mas, sem projeto robusto de educação... pouco adianta. Projeto, políticas públicas, compromisso envolvem investimentos, profissionais especializados. Isto poucos governantes enxergam (ou querem enxergar)...

Juliano Trevisoli

O Estado de S.Paulo


Os dados sobre hábitos de leitura nos levam a um paradoxo. O Brasil apresenta uma produção de livros bastante razoável. Ao mesmo tempo, a média anual de livros lidos é muito baixa. Como explicar isso?

Em 2010 as editoras brasileiras publicaram quase 500 milhões de livros, um aumento de 23% em relação a 2009 - muito expressivo. O número de exemplares vendidos no mercado (livrarias, internet, porta em porta, etc.) cresceu 8,3%. Se incluirmos as vendas ao governo, o aumento foi de 13% (Censo do Livro, Fipe/CBL/Snel, 2011).

Ao mesmo tempo, fala-se que o brasileiro lê 1,8 livro não acadêmico por ano. Nos países desenvolvidos essa média é de 10 obras lidas. Na França são 25 livros por ano! Num estudo da Unesco realizado em 52 países, o Brasil ocupou a 47.ª posição.

Afinal, o que está havendo? Excesso de livros ou escassez de leitores?

Decifrar esse paradoxo é um desafio. Não se pode negar que, para a maioria dos brasileiros, o livro no Brasil ainda é caro, apesar de ter barateado ultimamente. Isso explica por que 66% dos livros publicados estão nas mãos de 20% da população. Além disso, o País tem apenas 2.500 livrarias - um número minúsculo perto das 110 mil lan houses. Para muitos, a informação digital está chegando antes do que a impressa. O número de bibliotecas é irrisório e as bem equipadas são raras. O mais grave, porém, é que cerca de 14 milhões de brasileiros com idade superior a 15 anos não sabem ler (dados do Censo de 2010). E, ainda por cima, o analfabetismo funcional atinge 40 milhões de pessoas.

Não surpreende que, para essa enorme parcela da população, falta o hábito de leitura. Pesquisas recentes mostram que crianças que testemunham seus pais lendo tendem a ler bastante na vida adulta. As outras leem pouco. Ou seja, o hábito de leitura é transmissível de geração para geração (Anna L. Mancini e outros, On intergenerational transmission of reading habits in Italy, Boon: Institute for the Study of Labor, 2011).

Quem tem o hábito da leitura lê em qualquer circunstância: na escola, em casa, no transporte, no livro de papel ou na tela do computador, enfim, em todo lugar. Muitos se tornam compulsivos. E a adolescência é a fase em que as pessoas mais leem. Passado esse tempo, é muito difícil transformar um não leitor em leitor. Por isso, é bem provável que a baixa média de leitura no Brasil esteja sendo puxada para baixo pelos vários milhões de adultos que nunca chegaram a formar um bom hábito de leitura.

Essa é a opinião de Ignácio de Loyola Brandão. Ele, que viaja o ano inteiro pelo interior do Brasil, está impressionado com o grande interesse que os jovens demonstram pela leitura. Nas comunidades mais longínquas e nas mais baixas faixas de renda eles encontram uma maneira de conseguir os livros emprestados, "devorando-os" em pouco tempo. Em sua opinião, os estudantes brasileiros estão mantendo grande familiaridade com os livros. A média de leitura desse grupo deve estar muito acima da marca de 1,8 livro por ano.

Estaria, assim, o paradoxo decifrado? É provável. O avanço da produção editorial e a ampliação das matrículas escolares, ao lado das ações de governo para baratear e divulgar os livros, devem ser sentidos nos próximos anos. Quem está lá na ponta, conversando com os adolescentes, como faz o meu amigo Ignácio, já percebe essa mudança. É uma boa notícia.

Mas nessa empreitada precisamos ir depressa, porque a corrida é em relação a um ponto móvel. Nos dados do Índice de Desenvolvimento Humano de 2011, o Brasil perdeu posições por causa da má qualidade da educação. Estamos atrás de Jamaica, Bósnia, Líbano, Chile, Uruguai, Argentina e outros. Até a Venezuela nos passou na frente. E, para melhorar a educação, ler é essencial. Na verdade, ler é educar-se.

Fonte: jornal O Estado de São Paulo, 06/12/11 http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,excesso-de-livros-ou-escassez-de-leitores-,807294,0.htm

Excesso de livros ou escassez de leitores?

Cabem, com muita folga muitíssimas bibliotecas públicas em meio à população sedenta de informação. Daí vêm os "pontos de leitura", sem estrutura, sem apoio de profissionais aptos a atender a população, sem projetos...

Juliano Trevisoli



Os dados sobre hábitos de leitura nos levam a um paradoxo. O Brasil apresenta uma produção de livros bastante razoável. Ao mesmo tempo, a média anual de livros lidos é muito baixa. Como explicar isso?


Em 2010 as editoras brasileiras publicaram quase 500 milhões de livros, um aumento de 23% em relação a 2009 - muito expressivo. O número de exemplares vendidos no mercado (livrarias, internet, porta em porta, etc.) cresceu 8,3%. Se incluirmos as vendas ao governo, o aumento foi de 13% (Censo do Livro, Fipe/CBL/Snel, 2011).

Ao mesmo tempo, fala-se que o brasileiro lê 1,8 livro não acadêmico por ano. Nos países desenvolvidos essa média é de 10 obras lidas. Na França são 25 livros por ano! Num estudo da Unesco realizado em 52 países, o Brasil ocupou a 47.ª posição.

Afinal, o que está havendo? Excesso de livros ou escassez de leitores?

Decifrar esse paradoxo é um desafio. Não se pode negar que, para a maioria dos brasileiros, o livro no Brasil ainda é caro, apesar de ter barateado ultimamente. Isso explica por que 66% dos livros publicados estão nas mãos de 20% da população. Além disso, o País tem apenas 2.500 livrarias - um número minúsculo perto das 110 mil lan houses. Para muitos, a informação digital está chegando antes do que a impressa. O número de bibliotecas é irrisório e as bem equipadas são raras. O mais grave, porém, é que cerca de 14 milhões de brasileiros com idade superior a 15 anos não sabem ler (dados do Censo de 2010). E, ainda por cima, o analfabetismo funcional atinge 40 milhões de pessoas.

Não surpreende que, para essa enorme parcela da população, falta o hábito de leitura. Pesquisas recentes mostram que crianças que testemunham seus pais lendo tendem a ler bastante na vida adulta. As outras leem pouco. Ou seja, o hábito de leitura é transmissível de geração para geração (Anna L. Mancini e outros, On intergenerational transmission of reading habits in Italy, Boon: Institute for the Study of Labor, 2011).

Quem tem o hábito da leitura lê em qualquer circunstância: na escola, em casa, no transporte, no livro de papel ou na tela do computador, enfim, em todo lugar. Muitos se tornam compulsivos. E a adolescência é a fase em que as pessoas mais leem. Passado esse tempo, é muito difícil transformar um não leitor em leitor. Por isso, é bem provável que a baixa média de leitura no Brasil esteja sendo puxada para baixo pelos vários milhões de adultos que nunca chegaram a formar um bom hábito de leitura.

Essa é a opinião de Ignácio de Loyola Brandão. Ele, que viaja o ano inteiro pelo interior do Brasil, está impressionado com o grande interesse que os jovens demonstram pela leitura. Nas comunidades mais longínquas e nas mais baixas faixas de renda eles encontram uma maneira de conseguir os livros emprestados, "devorando-os" em pouco tempo. Em sua opinião, os estudantes brasileiros estão mantendo grande familiaridade com os livros. A média de leitura desse grupo deve estar muito acima da marca de 1,8 livro por ano.

Estaria, assim, o paradoxo decifrado? É provável. O avanço da produção editorial e a ampliação das matrículas escolares, ao lado das ações de governo para baratear e divulgar os livros, devem ser sentidos nos próximos anos. Quem está lá na ponta, conversando com os adolescentes, como faz o meu amigo Ignácio, já percebe essa mudança. É uma boa notícia.

Mas nessa empreitada precisamos ir depressa, porque a corrida é em relação a um ponto móvel. Nos dados do Índice de Desenvolvimento Humano de 2011, o Brasil perdeu posições por causa da má qualidade da educação. Estamos atrás de Jamaica, Bósnia, Líbano, Chile, Uruguai, Argentina e outros. Até a Venezuela nos passou na frente. E, para melhorar a educação, ler é essencial. Na verdade, ler é educar-se.

Fonte: jornal O Estado de São Paulo, 06/12/11. <http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,excesso-de-livros-ou-escassez-de-leitores-,807294,0.htm>

8 de ago. de 2011

Charge sensacional...

Os tecnomaníacos que me perdoem, mas esta charge ironiza bem o conceito de que tecnologia não é tudo.

Fonte: http://www.umsitequalquer.com.br/blog/wp-content/uploads/2011/07/ima00a1.jpg

26 de mai. de 2010

"Lula sanciona lei que determina instalação de bibliotecas em escolas" (G1, 2010)

Ótimo começo para estreitarmos as relações entre alunos, profissionais de educação (incluindo professores) com as bibliotecas, os livros, recursos informacionais em diversos suportes, o gosto pela leitura e principalmente com o prazer em buscar informações e construir seus próprios conhecimentos. Apesar de cerca de 150 anos de atraso, comparando com as primeiras bibliotecas públicas norteamericanas, é um passo importante para a educação e cultura brasileira.

Bibliotecas são centros de informação com enorme potencial educacional e cultural. Pesquisadores da Web afirmam que os jornais e livros impressos não passarão da década de 2040. Mas quem disse que Biblioteca é só papel? Biblioteca é informação! Estas unidades de informação em contexto e foco de aprendizagem, se bem gerenciadas (por profissionais bibliotecários, com perfis adequados), selecionam, adquirem, divulgam informações em vários suportes (livros, CDs, DVDs, sites, manuais, folhetos, atlas de temas diversos, além da enorme gama de materiais audiovisuais) aos alunos, funcionários e professores. Além de ser um ambiente propício para pesquisas, estudos, leitura e, principalmente, para convívio social motivado por palestras, debates, feiras, workshops e apresentações de temáticas variadas. Biblioteca não é lugar de castigo ou local de permanência desagradável: além do acervo, deve ter ambiente para apresentações audiovisuais, brinquedoteca, pufs, tapetes coloridos, jogos - enfim, ambiente cativante, dinâmico, vivo e plenamente coberto de novos sentidos.

Pode-se colocar o Professor como um provocador -- na melhor da acepção deste termo -- ou seja, aquele que instiga, provoca, aguça, "cutuca" a curiosidade e ânsia de saber dos alunos. E, no contexto escolar, colocar o Bibliotecário como aquele que orienta os alunos na seleção, busca, uso das fontes/recursos informacionais mais adequados. Este profissional coloca seus usuários (alunos e professores) diante de um novo e empolgante contexto de percepção informacional: qual(is) informação(ões) devo usar? Este(s) ou aquele(s) autor(es)? Eu não poderia mesclar tais informações? Será que todas estas informações e opiniões estão em minhas apostilas escolares? Estudantes e docentes terão o prazer de usufruir um ambiente adequado e recursos informacionais selecionados para pesquisar e estudar com maior afinco e interesse, percorrerão caminhos antes desconhecidos, agregarão informações e ampliarão conteúdos de aulas e apostilas, como resultado: assumirão posições e pensamentos críticos em relação ao mundo -- semente da cidadania e de profissionais de ampla visão.

Em minha monografia, pude expor a importância de bibliotecas públicas para a sociedade. Para estudantes, as bibliotecas escolares bem geridas proporcionarão grande oportunidades e os custos não são tão altos assim. Em um de minhas experiências em biblioteconomia escolar, em 2008, participei da implantação de uma biblioteca privada em Ribeirão Preto cujo valor ficou aproximadamente R$ 10,00 mensais por aluno. Isto mesmo, mobiliários, computadores, custos iniciais com mão-de-obra, suprimentos de escritório, equipamentos de conexão com Web, tudo não passou de R$ 10,00 mensais por aluno! É uma questão de boa gerência! Respeito à instituição escolar e foco total no trabalho de informação. Por isto existem profissionais de informação, gestores de informação, ou tradicionalmente conhecidos bibliotecários. Não aqueles/aquelas ranzinzas que ficam atrás de um balcão com "cara amarrada" querendo distância dos consulentes, mas, sim, um profissional bibliotecário com pensamento voltado às necessidades de informação da instituição à qual serve e seus usuários, que transforme os contatos com fontes/recursos de informação em contatos prazerosos com a vida através dos olhos dos autores.


Referência

G1, Portal. Lula sanciona lei que determina instalação de bibliotecas em escolas. Disponível em <http://g1.globo.com/brasil/noticia/2010/05/lula-sanciona-lei-que-determina-instalacao-de-bibliotecas24052010.html>. Acesso em: 26 maio 2010.